Voz dos sem vozes em dois gêneros musicais:
* Bezerra da Silva "Vai onde a coruja dorme" * João Bosco "O ronco da cuíca"
Wellington Bernardino Parreiras
15/11/2012
00:18
Sempre que
visitava cidades históricas embelezadas pelas cristalizações do suor dos
escravos, miravam meus sentimentos sobre as figuras em paisagens disformes,
porém tecidas fidedignamente pelos entrelaçados rearranjos civilizacionais que
a conta-gotas extraiam matérias-primas: suores, dores, sangues sonhos,
saudades, liberdade e autenticidade.
Sentia como sinto
o peso que pesa a pena do tinteiro sobre os espíritos ditos inferiores, não dos
ditos senhoris que ambicionavam por séculos tesouros sem se quer sondar se
pesavam as ideias do abstrato, envoltos do reluzir e em ouro, o diamante negro
e os indígenas, porém em natureza latente não se lapida. Graças devemos os não
registros da diversidade de violências para além de chibatadas aos doutos que
em posse da racionalidade opressora e das artimanhas tecnológicas que há muito
desintegrara o sentido natural do opressor, nos desfrutamos de memórias sem
registros, sem face e sem identidade hereditária/social...,
Todavia adornado
por palavras-sentidos prenhe em seu cio de controvérsias, apreendi que são
distintas-idênticas, quando não em falácias, as presencio em práticas dos
gêneros lingüísticos adquiridos: tatuam-nos num processo inverso de Paulo
freire de conscientização política libertária, somos conscientizados à
des-conscientização política libertária e amplificamos o estado favela, vila,
beco, cortiço e blá, blá, blá, mas na reconfiguração da refavela decoramos
discursos políticos e cidadãos com o peso que pesa os registros dos mesmos
senhoris de outrora, não com tinteiro e sim com....
"A
educação não tem como objeto real armar o cidadão para uma guerra, a da
competição com os demais. Sua finalidade, cada vez menos buscada e menos
atingida, é a de formar gente capaz de se situar corretamente no mundo e de
influir para que se aperfeiçoe a sociedade humana como um todo. A educação
feita mercadoria reproduz e amplia as desigualdades, sem extirpar as mazelas da
ignorância. Educação apenas para a produção setorial, educação apenas
profissional, educação apenas consumista, cria, afinal, gente deseducada para a
vida." SANTOS, Milton. O espaço do cidadão. 5ª. Ed. São
Paulo: Nobel, 1998. p 126
Extemporâneo, meu
espírito se compadece entre sentimentos e reflexões idênticas as tidas pelos
nossos ancestrais, nas escolas, favelas, vilas, nos postos de saúdes e demais
espaços de concentração popular-cidadã, contemplo espíritos demasiadamente
des-configurados pelas opressões morais, éticas, educacionais, políticas,
religiosas e demais soberanias consagradas por nós como “esteio racional",
este que propaga comportamentos desenvolvimentistas desmedidos e excludentes...
Mirem vossos
olhares, porém antes vos advirto que superem os males que desconfortam seus
estômagos e consciências e atentem-se às minúcias que se projetam e nos
projetam confluindo tecidos destecidos constitutivos dos semblantes de nossos
educandos, crianças, adolescentes, jovens ou adultos/idosos de vilas, favelas e
áreas de risco....
Agora após
as náuseas fidedignas por estarem desvestidas de frescurites da boa educação
que nos privilegiou, a duras pena para poucos de nós, definem uma só imagem sem
rabiscagens sem confluir-se ao efeito da causa desumanizante de quaisquer
segregações que ainda persistem em meio de muitos de nós em pleno século XXI às
margens do terceiro milênio?
De que lado o
revólver ou as demais armas deixam de sinalizarem violências?
As violências
principiam com as armas?
Referencias:
FREIRE, Paulo. Conscientização: teoria
e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. 3. ed.
GIL, Gilberto, Música Refavela
gravação é de 1977.
MOURA, Helena. O OURO DA LIBERDADE: A
História de Chico Rey – Belo Horizonte: Alis Editora, 199.
SANTOS, Milton. O espaço do cidadão.
5ª.Ed. São Paulo: Nobel, 1998. p 126.
Link do vídeo de Bezerra da
Silva: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=yHs_4ctH_AY.
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