23 de mai. de 2009

Educador Social no Brasil

Entrevista feita por Sarah Luiza, universitária em Pedagogia pela UFMG

Portinari (1903-1962), Meninos com carneiro, óleo sobre madeira, 1959


1. Nome completo: Wellington Bernardino Parreiras

2. Idade: 35 anos

3. Escolaridade: Pedagogia em curso

4. Há quanto tempo você trabalha como educadora social?

5 anos, apenas enquanto voluntário em uma Fraternidade Espírita.

5. Você fez algum tipo de especialização na área da pedagogia social? Quando foi e quanto tempo durou?

Não fiz

6. Como é sua rotina como educador(a) social?

Por ser esporádica a atuação é tranqüila, só participo das aulas, mini-cursos e oficinas quando tem.

7. Como é sua interação com as crianças/jovens/adultos?

Profissional, no entanto, afetiva e solidária, como se fosse eu no lugar deles, sem em momento algum suplantá-los e desmotivador, ou seja, assistencialista, busco despertar neles uma consciência ativa para que sejam sujeitos autônomos capazes de promoverem sua vida a partir das oportunidades presentes em suas vidas.

8. Como você descreve seu trabalho na Ong?

Satisfatório e ao mesmo tempo ínfimo, posto que o tempo é muito pouco e carente de mais voluntários e de responsabilidade social da sociedade como um todo e dos órgãos públicos.

9. Você se sente realizado(a) com o seu trabalho?

Sim, pois é o momento em que encontro forças e respostas para lidar com as adversidades que em muitas vezes nos deixam impotentes, no entanto, acredito que o Ideal é termos uma sociedade de direitos e deveres iguais, onde todos tenham dignidade socioeconômica.

10. Qual é a faixa salarial?

Voluntário

11. Na sua opinião, quais são as maiores dificuldades enfrentadas na sua profissão?

O fato dos sujeitos serem totalmente abnegados, sofrido, desesperaçosos e culturalmente crentes que é assim porque Deus quis e que é obrigação do outro ajudar dentro da perspectiva do assistencialismo, indiretamente, melhor, em sua subjetividade a violência simbólica de Pierre Bourdieu é interiorizada de tal modo que a desconstrução torna-se quase que impossível, pelo menos sobre os que já se encontram em determinados estados em que seu cognitivo e sua força física não permitem que outros horizontes sejam possíveis. É preciso re-educar o povo e as elites como nos ensina Paulo Freire, Milton Santos, Mandela, e outros que sabem o que dizem, porque fazem por meio de um sentimento verdadeiramente humano, segundo o ideário de ser humano.

12. De onde surgiu o seu interesse pela educação social? Como ficou sabendo desta profissão?

O humano, ser humano, sensível e inteligível, saber que o outro sou eu mesmo disfarçado de estranho, de sentir a natureza e saber que a vida é uma existência aprisionada pela racionalidade distorcida e em sua essência há coberto um sentimento que pode ressignificar o ser humano.
Soube do educador social ainda criança, ainda pré-adolescente e jovem, isso se sabe quando se vê e se sente enquanto fruto de uma exclusão desumana, abrupta e egocêntrica, entretanto, a terminologia Educador Social é recente, como a tudo que hoje temos conceitos novos, uns com definição e essência ressignificados, enquanto outros conceitos apenas polidos para que dêem a impressão de que as coisas evoluíram e que temos uma consciência como ta,l que nos faz parecer mais sábios.

13. Quais as competências devem ter um educador social e quais são os maiores desafios para estes profissionais?

Ser responsável, ter comprometimento com o conhecimento dinâmico que nos movimenta, respeitar a vida em toda sua magnitude, saber sentir e co-responder em igual intensidade e confiança que o outro deposita, saber convidar aos desprovidos e se sujeitos asujeitados, alienados e talvez sem a possibilidade de enxergar e reconhecer em si próprios, recursos para serem autônomos e junto com a ONG responsável e parceiros, é preciso dialogar com as outras esferas sociais, saber trabalhar em rede.

Resumindo, ser ético e atender às necessidades reais dos sujeitos envolvidos de forma a propiciar uma promoção social e não um assistencialismo que diminui ainda mais os desprovidos de dignidade social.

14. Vocês têm algum projeto em andamento para a regulação desta profissão?

Não tenho, acredito que antes de tudo deve-se pensar sobre se no Brasil há mesmo o Educador social ou não, pois, temos os recreadores denominados enquanto Educadores sociais, deve-se refletir sobre isto antes de regular a profissão, já que o recreador não participa do desenvolvimento socioeducacional e socioeconômico dos sujeitos e sim atuam recreativamente, apenas um lazer, enfim um pão e circo contemporâneo.

15. Qual é o perfil das pessoas que se interessam pela educação social?

Não sei defenir, mas posso adiantar que os profissionais se bem preparados e responsáveis, seriam os Pedagogos e os Assistentes Sociais, isto se levarmos em conta a gênese do caráter do significado de Educador Social. É bem verdade que no Brasil e em especial em Belo Horizonte e regiões próximas, usa-se o recreador, este que pode ser de quaisquer áreas do conhecimento, não que o Educador Social deva ser apenas os que mencionei, só que quem quer que seja deve estar em sintonia com a responsabilidade social.

16. Você nota em seu meio algum grau de satisfação e/ou insatisfação em relação à profissão educador social?

Em rede acabamos apoiando as limitações dos que dificultam os processos, não que seja a solução, mas as coisas devem prosseguir, porém, há sempre insatisfações relevantes que devemos dialogar e entre os colaboradores e os órgãos públicos e os assistidos pensar uma resolução que não deixa dar fim ao construto social em que nos propomos.

17. De modo geral, no campo da pedagogia social, qual é o grau de dificuldade de inserção destes profissionais no mercado de trabalho?

Em primeior instancia é a desvalorização do profissional Pedagogo, por conseguinte, a própria comunidade assistida, já que ambos são pedras nos sapatos do capitalismo e dos políticos que em grande parte favorecem as desvalorizações citadas. A pedagogia por ser libertadora, por permitir uma reflexão critica e autônoma e por estar liga a raiz, a massa. Seus profissionais são descaracterizados primeiramente em sua terminologia, logo depois em sua renumeração e em seus recursos disponíveis e sobre uma concentrada administração em muitos casos, uma administração mercadológica, o mercado de trabalho faz jus a concepção de educador social, ou seja, um educador que tem como objetivo uma recolocação no mercado de trabalho.

18. Dentro da área da educação social, quais são as possibilidades de continuidade de estudos? Isto é, quais são as possibilidades de mestrado e doutorado?

São múltiplas as possibilidades de reflexões, pesquisas e de intercâmbios não só nacionais, bem como internacionais, por exemplo, em Portugal o Educador Social é hipervalorizado e possui seu código deontológico . acredito que seja saudável explorar e dialogar de formas trasn-multi-pluridisciplinar.

19. Quais são as possibilidades de atuação do educador social em Belo Horizonte?

Diversas, não só em Belo Horizonte, como em todo lugar, uma vez que as desigualdades socioeconômicas são reais e necessárias dentro de um sistema político-econômico pautado na concentração de lucros para uma parcela ínfima que governam os povos.

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