22 de set. de 2011

VIOLÊNCIA CONTRA EDUCADORES E CONTRA A EDUCAÇÃO


VIOLÊNCIA CONTRA EDUCADORES E CONTRA A EDUCAÇÃO

É hora de parar de olhar para o dedo e prestar atenção para onde a greve das/os professoras/res aponta.
Gilvander Moreira[1]

"Do rio que tudo arrasta, se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.” (Bertold Brecht)

A greve dos professores da Rede Estadual de Minas Gerais, como uma ocupação de propriedade que não cumpre a função social, revelou uma grande ferida: um problema social que com certeza não existiria se o povo mineiro tivesse recebido, historicamente falando, uma educação pública de qualidade.

Uma professora, cujo nome fictício é Maria (é melhor não citar o nome para evitar retaliação), escreveu-me dizendo:

“Tenho estado em sala de aula há 24 anos, desde 1987. Fui parar numa sala de aula da Rede Estadual de Educação de Minas Gerais por amor à profissão e por incentivo salarial, pois quando comecei a lecionar, em 1987, o nosso Salário Base (vencimento básico) correspondia a três salários mínimos (hoje, R$1.635,00) para quem lecionava de 5ª à 8ª série, e cinco salários mínimos (hoje, R$2.725,00) para quem lecionava para o Ensino Médio. Tinha perspectiva de carreira profissional. Com o tempo, vi a nossa situação piorando ano a ano, suportável durante algum tempo, mas há 9 anos sinto-me no fundo do poço. Sou mãe e tenho dificuldades para manter as despesas da casa. Moro de aluguel, não consigo viajar de férias há uns seis anos, dependo de um Plano de Saúde que não funciona  (IPSEMG), gasto dinheiro com antidepressivos para conseguir trabalhar dois horários em condições que não carecem de serem descritas aqui. Sei que existem outras/os professoras/res em situações piores e me firmo nisso para não cair no desespero diante das consequências dessa nossa luta que é justíssima.”

Essa é a realidade da maioria esmagadora das/os professoras/res em Minas. É isso que sustenta a mais longa greve de Minas. Não é a direção do SINDUTE e alguns deputados, como alegam os que não ouvem os clamores ensurdecedores de milhares de professoras/res, como o descrito acima.

É insensatez o governador Antonio Anastasia, o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de Minas pensarem que vão resolver um grave problema social como o suscitado pela greve dos professores com repressão, com canetada judicial mandando voltar para a sala de aula, com propagandas mentirosas nas TVs (em horário nobre), jornais e Rádios. Injustiça como a que estamos vendo com os trabalhadores e com a própria educação em Minas não pode ser jogada para debaixo do tapete.

Aos que se vangloriam com a decisão do desembargador Roney Oliveira, do TJMG, “mandando” os professores voltarem para as salas de aula sem o atendimento das suas reivindicações, recordo o que disse Jean Jacques Rousseau: “As leis são sempre úteis aos que têm posses e nocivas aos que nada têm.”
A questão levantada pelos professores de Minas, em greve há 103 dias, é um grave problema social que se resolverá somente com política séria que passa necessariamente pelo respeito à Lei Federal 11.738/08, que prescreve Piso Salarial Nacional – vencimento básico, sem artifício de subsídio – de 1.187,00, segundo o MEC[2] e 1.591,00, segundo a CNTE[3].

É uma injustiça que clama aos céus o Governo de Minas (PSDB + DEM) pagar como vencimento básico somente 369,00 para professora de nível médio por 24 horas; somente 550,00 (quase 1 salário-mínimo) para professor/a que tem um curso universitário e só agora, pressionado, prometer pagar só 712,00 (só a partir de janeiro de 2012) para todos os níveis, inclusive para educador/a com mestrado e doutorado. Insistir em política de subsídio é continuar tratando a educação como mercadoria e matar a conta-gota a categoria dos professores já tão esfolada. Será que vão querer, em breve, privatizar também a educação de 1º e 2º graus?

Um provérbio chinês diz: “Quando alguém aponta, os sábios olham para onde o dedo aponta e os idiotas olham para o dedo”. As/os educadoras/res de Minas estão apontando para a necessidade e justeza de construirmos em Minas um sistema educacional público de qualidade. Isso é cultivar o infinito potencial de humanidade com o qual todo ser humano chega à nossa única casa comum: o planeta Terra. Mas, tristemente, muitos só vêem o dedo dos professores: os estudantes de hoje sem aula. E os milhões de estudantes de agora em diante, poderão ser alijados do direito a uma educação pública e de qualidade?

Às/aos professoras/res que não estão participando da greve e a todas as pessoas que não estão ajudando na luta justa dos professores de Minas, em greve, quero recordar o que nos ensinou Bertold Brecht:
Primeiro levaram os negros. Mas não me importei com isso. Eu não era negro. Em seguida levaram alguns operários. Mas não me importei com isso. Eu também não era operário. Depois prenderam os miseráveis. Mas não me importei com isso, porque eu não era miserável. Depois agarraram uns desempregados. Mas como tenho meu emprego. Também não me importei. Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo.” Afinal, a colheita sendo boa ou ruim, entre todas/os será dividida.

Dispõe o artigo 205 da Constituição de 1988 que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

Como a educação, nos termos da Constituição Federal, deve ser promovida e incentivada visando o pleno desenvolvimento da pessoa, não pode um/a professor/a, conforme o relato acima calar-se diante de tanta injustiça do Estado no trato com a educação. Educa-se com o testemunho, com a ação. Professor/a que está na rua, exerce e ensina cidadania, reivindica a efetivação de direito social, fundamental. Luta por um novo sistema educacional que passa pela valorização justa de cada profissional da educação.

Ao fazer greve, os professores não estão sendo violentos, mas estão lutando pela superação de uma violência que os atinge cotidianamente. Violentos estão sendo o governo, o poder judiciário e o capitalismo que impõem um peso tremendo nas costas das/os educadoras/res e não reconhece o imprescindível papel que elas/es cumprem neste país.

Belo Horizonte, MG, Brasil, 18 de setembro de 2011



[1] Frei e Padre Carmelita, mestre em Exegese Bíblica/Ciências Bíblicas, professor de Teologia Bíblica, assessor da CPT, CEBI, CEBs, SAB e Via Campesina; e-mail: gilvander@igrejadocarmo.com.brwww.gilvander.org.br – facebook: gilvander.moreira – www.twitter.com/gilvanderluis


[2] Ministério da Educação e Cultura.
[3] Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação.

Professores Brasileiros


Classe em separados atos políticos-ideológicos deslegitimam seu caráter social e moral. 

Muitos criticam negativamente os funks, mas não enxergam o quão espelham as múltiplas realidades provenientes de uma realidade absoluta que impera perversamente. 

Adoro o funk "dança do Quadrado", eis aí a máxima fora das Ciências, "cada um no seu quadrado". Para você ver, não há uma interlocução política-ideológica entre os professores das demais redes de ensino.

E para mim é uma classe de trabalhadores em maior quantidade de atores sociais, porém coexistem em separados. 

É triste. 

Utópico? 

Creio que não.


Abraços fraternos, Wellington Bernardino Parreiras



21 de set. de 2011

Em defesa dos Professores/Educadores de Minas Gerais




Abaixo-assinado solicitando a reconsideração da liminar do Sr. Desembargador Roney de Oliveira sobre a greve dos professores da rede estadual de Minas Gerais e de endosso da Carta Aberta do Prof. Luciano de Faria Fº

9 de set. de 2011

Mineiros fazendo humor, reflexos de humor sem ironia potencializadora


Mineiros fazendo humor, reflexos de humor sem ironia potencializadora

Vejo um talento humorístico, bacana, mas isso não mobiliza as partes diretamente envolvidas, fico a refletir quando de fato haverá campanha que envolva os maiores interessados - educandos, pai, mãe, responsáveis e a sociedade como um todo e principalmente os próprios professores e futuros professores que aproveitam para não fazer política-positiva quando ao invés de irem para a efervescência da Arena, assim como os recém-formados ou em formação que se manifestam as escondidas só para inglês ver, além de estarem esperando sua oportunidade de desapropriar o cargo alheio dos que se encontram de fato comprometidos com a causa?

Penso também quando é que todos os professores da rede municipal, estadual, federal e privado, irão de fato compreender que o problema da desvalorização de uma ou outra rede que se dá em tempos separados, corresponde a sua rede e a si próprio, - Educação e Professor que são ridicularizados e subvalorizados -?

Estou convicto de que o revezamento entre as mobilizações das redes educacionais indica a alienação política e ideológica de uma classe absurdamente inaceitável, estudamos para quê?

Para ficarmos cada qual em seu quadrado?

Para vexatoriamente se esconderem atrás de um ato discursivo que o supostamente isenta de uma co-responsabilidade da gestão pública?

Para legitimarmos a desvalorização profissional por meio das mídias, agências políticas, estudantes, pais, secretários de Secretaria de Educação, justamente por não ter autoridade política ideológica e propriedade da Legislação Educacional?

Para dar assistência técnica à má formação humana, social e profissional?

Se Monteiro Lobato fosse vivo faria do Jeca Tatu um Macunaíma da Educação no Brasil, quem sabe desse modo os gestores públicos teriam reluzidos os olhos com o ouro latente contido na Educação ou o diamante a lapidar que colocaria o País num Ranking de primeiro Mundo?

Wellington Bernardino Parreiras

09/09/2011

21:00


2 de set. de 2011

Omo cria prêmio nacional “Pelo Direito de Ser Criança” que incentiva o brincar

Omo cria prêmio nacional “Pelo Direito de Ser Criança” que incentiva o brincar

A marca Omo está ampliando seu programa para escolas públicas e privadas que estimulam o brincar e a aprendizagem pela experiência. A empresa transformou a premiação Pelo Direito de Ser Criança em um concurso nacional. Outra novidade é que, com esse prêmio, Omo contempla atividades das instituições que envolvam a garotada em ações ligadas à sustentatibilidade e ao contato com a natureza.

Esta é a terceira edição do programa. A expectativa é aumentar em 260% o número de inscrições em comparação a 2009, quando as candidatas ao prêmio se limitavam a instituições de São Paulo. Com as mudanças, o critério de avaliação levará em conta cinco pilares: o direito de aprender através de brinquedos não estruturados, o direito de viver o mundo através da experiência, o direito de estar em contato com a natureza, o direito de experimentar o cuidado com o planeta e com a sociedade e direito de vivenciar a cultura local. “Nosso objetivo é promover o debate e dar visibilidade às escolas que fazem um excelente trabalho nessa área. As boas experiências inspiram e promovem mudanças”, declarou Regina Camargo, gerente de marketing de Omo.

O programa Pelo Direito de Ser Criança é destinado aos profissionais de educação que atuam com crianças inscritas em instituições de educação infantil ou do ciclo 1 do Ensino Fundamental (nível 1). As escolas interessadas podem se inscrever no site do projeto http://www.pelodireitodesercrianca.com.br/ até 1º de outubro. Os prêmios principais são parques modulares, feitos com materiais sustentáveis.

Fonte:MMonline